Diário de Bordo - Sérgio

 

10/12/2005

Finalmente, zarpamos. Após tantos anos de sonho e tanto trabalho para arrumar todas as coisas para a viagem, soltamos as amarras e partimos. As despedidas foram muitas e começaram algumas semanas antes, com vários amigos (que não poderiam vir na nossa partida) vindo visitar-nos para desejar boa viagem, entre eles a Terezinha e família e Rafael Terentin e a Joana. Três dias antes da viagem, fomos nos despedir dos Schurmann (que não poderiam estar no dia da partida em função de um evento marcado para esse dia), que nos presentearam com um lindo livro de visitas, feitos pelas mãos da Heloísa e Kat e outros mimos referentes a mar. Dois dias antes da viagem, o Jonas e a Carol fizeram uma despedida com a classe, que foi uma mistura de palestra sobre o barco e a viagem, visita ao barco e lanche de despedida. Foi muito bonito e com um astral muito alto, onde todos mataram suas curiosidades (Vocês tem televisão à bordo ? – Não, mas existe vida sem televisão !) e brincaram em volta do barco.

No dia da partida, após uma noite de poucas horas de sono, começamos o lindo dia de sol com um café da manhã com os parentes e amigos que vieram nos visitar. Entre eles, meu pai, meu irmão e família, minha namorada Luciana, Jane e família, Luís, Mariana, Nishi, Renata (amigos inseparáveis), Luís Puig e Adelaide, Cleber da Speedmax e esposa, Andréia e Guilherme da Revista Ilhabela, Nelson, Cristina, Amanda e Bira e a sempre presente amiga Cláudia Gnemmi e Stefano. Todos eles com presentes de despedida e úteis para a viagem. Entre outros, ganhamos livros, bonés, mochilas, roupas de secagem rápida, etc. Perto do horário da partida, outras pessoas foram chegando e muitos amigos da Ilha e de São Paulo foram aparecendo. Eu tentava me dividir, entre os últimos preparativos e a atenção para as pessoas que tinham vindo nos dar um “até a volta” (não gosto da palavra “adeus”). A emoção estava grande mas o corre-corre com algumas coisas de última hora para fazer em casa e no barco estava maior. Quando consegui acabar tudo e fazer uma revisão mental se nada faltava, relaxei e curti. Levei alguns amigos que queriam conhecer o barco (nossa pequena casa, mas com um grande e maravilhoso quintal) e depois começamos a despedida, com uma homenagem da classe da Carol na frase muito significativa e que espero seja um de nossos lemas de viagem e de vida: Não tenham problemas, tenham soluções!. Despedimos de todos com as promessas de visitas ao longo de nossa viagem. Muitos pedidos foram feitos para escrever sempre e não perder contato e muitas fotos foram batidas. No último momento, ainda chegou a Thaís do Colégio São João com um presente especial para a Carol (o original de um livro que a classe toda fez) e o Eduardo, com uma lanterna maravilhosa que não precisa de pilha e nem ser recarregada em energia elétrica (que foi o “brinquedo” do Jonas uma boa parte da viagem). Após algumas lágrimas derramadas, vários amigos soltaram o cabo de terra e o Jonas e Carol levantaram a vela enquanto eu soltava o leme e ligava o motor para a partida. Entre acenos de despedida, eu olhei de relance para o canal e vi o vento forte da pré-frontal que começava a entrar. Rapidamente fiz o segundo rizo na vela (diminui o tamanho da vela), o Jonas soltou nosso cabo de poita e assim tomamos o rumo da Ponta das Canas e, finalmente, o rumo de nossos sonhos. Partimos com o vento a favor, muitos votos de boa sorte e o coração cheio de esperanças.

A primeira coisa que fizemos quando tudo estava em ordem, foi uma oração de mãos dadas pedindo proteção na viagem e agradecendo a graça da partida. Foi um momento especialíssimo, onde todos ficamos com os olhos marejados.

A viagem foi ótima. Passamos ao lado do evento que a Família Scurmann estava promovendo e recebemos os votos de boa viagem deles e dos amigos que estavam trabalhando nos barcos. Após algum tempo ligamos o “Jarbas”, nosso piloto automático, e fomos ao afazeres de viagem. A Carolina dormiu uma hora. O Jonas procurava coisas para fazer e queria ler um livro dentro da cabine de qualquer jeito. Vimos atobás, peixes voadores pelo caminho e uma tartaruga. O vento nos levava para Ubatuba, onde chegamos bem às 18:30 hs na praia do Flamengo, com o único contratempo do motor, que parou de refrigerar e tive que desligá-lo. Pegamos a poita com o motor de popa do botinho, recebemos o “bem-vindos” dos amigos do veleiro “Sem Fim”, demos uma ajeitada no barco e relaxamos. 

Ligamos para algumas pessoas avisando que chegáramos bem e, pouco tempo depois, chegava nossa primeira visita: os grandes amigos Renato, Clélia com os filhos Daniel e Guilherme do veleiro Magellan. Lembrei algo muito importante para mim: foi no Magellan com esses mesmos amigos que tanto o Jonas quanto a Carol fizeram sua primeira velejada em 1994 e 1995 respectivamente, ambos com um mês e meio de idade, enquanto esperávamos o Trinta-Réis, que estava sendo construído. Jantamos juntos, conversamos bastante e fomos dormir esgotados mas felizes. Nossa aventura começou!

 

11/12/2005

O dia amanheceu chuvoso e um pouco frio mas, após uma noite bem dormida, nada derrubava nosso ânimo. Tomamos o café da manhã usando nossos perecíveis, que precisam ser consumidos rapidamente, com os amigos do Magellan e, após algum papo e algumas olhadas para a garoa que caia lá fora, resolvemos mergulhar. Afinal, é domingo, dia de relaxar. A arrumação de coisas que foram jogadas para dentro do barco de última hora ficaria para mais tarde.

Enquanto a Clélia ficava nos barco com frio, eu e o Renato fomos tentar fazer caça-submarina vistoriados pelas crianças que nos acompanhavam dentro do bote e na água. Todos eles se dão maravilhosamente bem dentro da água, sem medos, com grande agilidade e cuidado, pois nasceram e cresceram sabendo aproveitar o mar. Não pegamos peixe algum (nossa pontaria estava péssima) e depois demos uma nadada até a praia. Quando a palavra de ordem “PICANHA” foi dada, pegamos os botes, fizemos uma corrida remando até o barco e começamos o churrasco. Após um risoto e uma gostosa carne, percebemos que a hora já ia avançada. Como o tempo corre rápido quando estamos com quem gostamos! Após o churrasco, a conta: preencher o livro de bordo. Fomos brindados com uma bela poesia feita pela Clélia e um belo desenho feito pelo Renato, onde não faltou nem a churrasqueira do Fandango. Obrigado, gente!!!

Depois da partida deles iniciei a tão adiada arrumação. Após três horas arrumando parte da bagagem que foi jogada para dentro do barco na última carga do barco na sexta e enquanto as crianças faziam seus respectivos diários de bordo e liam um livro da Mafalda dado pela Jane, dei-me por satisfeito com a arrumação. Percebi ainda que esqueci de trazer uma coisa importante: um cobertor para mim, que vou ter que comprar quando for até Ubatuba. Fizemos o jantar, expliquei onde eu tinha guardado algumas coisas (é importante que todos saibam onde está tudo no barco), li para eles um capítulo do último livro do Harry Potter e fomos dormir. Nosso primeiro dia fora da Ilha não poderia ter sido melhor !!!

 

12/12/2005

Acordei às 5:30 hs, sem sono e com a cabeça no problema do motor. Como as crianças estavam dormindo, aproveitei para fazer diários de bordo e outras coisas não barulhentas. Quando eles acordaram, tomamos café e fui desmontar toda a parte de refrigeração do motor. O rotor da bomba de água estava amolecido e não puxava água (talvez em função do aquecimento) e o troquei. A válvula termostática estava emperrada (isso deve ter causado o aquecimento) e a retirei. O motor voltou a funcionar perfeitamente e jorrando bastante água.

Fui tentar fazer uma caça para pegar um belíssimo robalo que já vimos duas vezes, mas ele não deu as caras.

Almoçamos e aí foi a vez de encarar a conexão da internet com celular. Após muita briga com um programa de instalação que não estava fazendo o que devia e um telefone de suporte que não atendia de jeito nenhum, consegui falar com o suporte que me orientou no final da instalação (tudo diferente do que estava no manual !!!). Consegui conectar (VIVA !!!), puxei algumas mensagens e caí na real: a transmissão prometida de 115.200 é muitíssimo mais lenta que a 56.600 discada de telefone convencional. Não sei como vou fazer para atualizar a página com a freqüência que desejo. Após ter puxado as mensagens, desconectei e tentei conectar novamente. Resultado: voltou a dar o mesmo problema que antes. Tentei refazer os passos que a pessoa de suporte me explicou, mas não consegui mais conexão. Como já eram 19:00 hs, não havia mais atendimento. Fica para amanhã. Durante o problema de instalação, tentei mais uma vez achar o danado do robalo, mas nem sinal dele. Vamos ter que comer picanha mesmo no jantar (rsrsrs) !!!

Acabamos o dia com um belo churrasco, onde as crianças ajudaram muito: ensinei o Jonas a fazer churrasco, a Carol fez o miojo de acompanhamento para eles (eu preferi um simples pão) e fizemos uma experiência que foi muito satisfatória: colocamos maçãs na churrasqueira após remover a carne e as comemos assadas como sobremesa lendo no cockpit. Apaguei perto das 22:00s e nem escutei direito o Jonas lendo o livro para nós.

 

13/12/2005

O tempo está melhorando. Acordamos com vento leste e tomamos café da manhã. Depois todos fomos fazer nossos diários. Enquanto eu resolvia o problema da internet, as crianças foram jogar na água os restos do café da manhã. Qual não foi a surpresa quando uma gaivota veio disputar o resto do nosso café com os peixes. Linda, ficou flutuando e voando quando jogávamos os pedaços de pão e mortadela.

Resolvido o problema (espero que definitivamente) da internet via celular, resolvemos sair do Flamengo e ir até o Saco da Ribeira. Precisava resolver o problema de onde parar para abastecer e onde deixar o carro, que estava na casa de um conhecido. Aproveitei para mostrar às crianças como colocar defensas e cabos de atracação. Fomos até o píer da Marina Píer do Saco da Ribeira (antiga Sudelpa) e paramos na piscina à contra-bordo de um veleiro chamado “Swan” que há muitos anos eu e Mônica (as crianças não haviam nascido ainda) havíamos conhecido e nos apaixonamos pelo veleiro. Depois descemos e vimos o antigo “Trinta-Réis” (nosso antigo barco) fora da água, com o fundo recém pintado. Ele está muito bonito e bem cuidado.

Descemos e fomos diretos no bar do Hisashi, tomar sucos e sorvetes. Depois disso, foi a vez dos deliciosos risoles de camarão e carne. Ainda esta semana vamos tentar comer o sashimi que ele faz, que é divino.

Corremos as marinas a pé pesquisando preços e me fizeram um preço especial na própria Marina Píer do Saco da Ribeira, portanto ficamos. Fui pegar o carro na casa do Adelson para deixá-lo perto de nós e resolvemos ir até Ubatuba para assistir um filme. Foi boa a idéia de carregar o carro conosco enquanto estivermos até Parati. Facilita muito as coisas, inclusive passeios e compras.

Tomamos um bom banho com muita água corrente quente e fomos ao cinema. Fizemos algumas compras (inclusive um saco de dormir para mim, que acho que funcionará melhor que o cobertor que esqueci), assistimos as “Crônicas de Nárnia” e retornamos ao barco. Após um jantar rápido, lemos um pouco e dormimos logo ainda amarrados ao Swan (não tivemos disposição para ir dormir no Flamengo).

 

14/12/2005

Amanheceu um maravilhoso dia de céu azul e muito sol. Acordei com os berros e palavrões de pescadores das traineiras e, juntando isso com um pessoal fazendo barulho no píer até meia-noite anterior e alguns pernilongos durante a noite (agradeci ter o inversor para ligar o repelente de insetos elétrico), posso dizer que não foi uma noite muito sossegada. Já tinha me esquecido como é dormir atracado na piscina do píer.

Com o dia lindo, levantamos, compramos alguns mantimentos e saímos para a ilha Anchieta (cujo nome real é ilha dos Porcos). Lá encontramos com Viviane, a diretora do Parque Estadual da Ilha Anchieta e ela foi muito simpática e pediu a um rapaz chamado Elton que fosse nosso guia em um passeio às trilhas no dia seguinte. Após o contato, mergulhamos um pouco e começou a chover. Aproveitamos a chuva para descansar um pouco e arrumar algumas coisas a bordo. Em seguida fomos ao Flamengo para eu tentar pegar um peixinho na outra ponta dessa praia para nosso jantar. Na hora de levantar a âncora tive uma grata surpresa. Pedi ao Jonas para ir puxando o cabo dela para, quando o barco ficasse bem em cima da âncora eu içá-la mas, quando vi, ele já a estava levantando sozinho. É, as crianças crescem e rápido. No Flamengo encontrei muitos peixes e acertei um badeijinho que foi o jantar da Carol. O Jonas estava louco para comer nossa primeira feijoada em lata e dessa forma, contentei a gregos e troianos. Dormimos na tranqüilidade do Flamengo sob uma chuva gostosa.

 

15/12/2005

Acordamos cedo, pois é dia de passeio. Tomamos um café da manhã rápido e fomos para a Ilha Anchieta encontrar o Elton, que é o nosso guia para algumas trilhas na Ilha Anchieta. Ancoramos na frente do prédio do antigo presídio, descemos e ele já estava nos esperando. A primeira trilha que fizemos nos levou à um mirante, de onde avistávamos todo a área do antigo presídio. A vista é linda e víamos o mastro do Fandango, por trás de algumas árvores. No alto tem uma barragem, que serve para a geração de energia elétrica para a Ilha. A trilha é fácil e rápida.

Depois fizemos a trilha do Saco Grande, por onde passamos por ruínas das antigas construções do presídio e da vila que ali havia. No final da trilha, que atravessa toda a Ilha, uma imagem maravilhosa da natureza selvagem, com as ondas arrebentando nas pedras de uma maravilhosa enseada. Sentamos nas pedras e ficamos admirando o lugar. Na volta fomos brindados com a imagem de um casal de quatis e seus quatro filhotes (pena que as fotos deles não saíram boas). Escreveremos um texto especial sobre esse passeio.

Na volta da trilha almoçamos e fomos escutar as estórias do presídio, muito bem contados pelo Elton. Depois o levamos para conhecer o Fandango e lhe demos uma carona até o Saco da Ribeira.

Findo o passeio, aproveitamos para tomar banho, fazer diários e esperar os amigos que vinham jantar com a gente no restaurante do Hisashi: Flávio e Rosa, Dimitri e Denis e alguns amigos deles. O sashimi do Hisashi (ou Hisashimi, como dizem as crianças) é ótimo e num lugar que tem tudo a ver com porto de pesca. Alguns caminhões estavam descarregando pescado e vimos um cação-martelo que, limpo, sem cabeça e rabo, tinha de 2,5 a 3 metros de comprimento. O tamanho total dele era 4 metros. Todos fomos ver e fotografar. Ele não pode ser removido inteiro do barco pois o guincho não agüentou. Quando iam fatiar o “bicho” para retirá-lo do barco, fomos dormir, pois já passava da meia-noite. Dormimos no píer, pois ninguém estava disposto a levar o barco até uma poita.

 

16/12/2005

Mais uma vez me arrependi de ter dormido no píer. Apesar da noite ser mais tranqüila do que a anterior, tivemos alguns pernilongos e acabei acordando cedo. Aproveitei para puxar e-mail’s e abastecer o barco para o final de semana pois teremos visita. Minha namorada Luciana vai chegar. Após o abastecimento de comida e um bom banho de água doce, fui abastecer o tanque de água do barco e então começaram uma série de problemas. Esqueci a mangueira ligada fazendo outras coisas e o tanque transbordou, molhando o acolchoado do sofá da sala. Coloquei a espuma para secar e, depois de algum tempo fui sentar no sofá, mesmo sem colchão. Resultado: sentei na tampa de inspeção do tanque e ela quebrou. Sem possibilidade de sair com o barco com o tanque cheio e aberto e sem achar outra tampa igual, passamos no Miguel, que trabalha com fibra no Saco da Ribeira e ele, muito gentil, nos arrumou um pedaço de acrílico redondo que parafusei e colei no lugar da antiga tampa. Ficou melhor do que o esperado pois agora basta olhar pelo acrílico para ver se a quantidade de água no tanque.

Também saímos para comprar peixes para fazer um peixe na brasa no jantar. Em homenagem ao Jonas e aos palmeirenses, compramos peixe-porquinho.

Luciana chegou e, quando acabei de arrumar o problema do tanque, fomos para a praia do Flamengo. Aproveitamos um bom banho de mar, fiz o peixe e após o jantar o sono nos pegou.

 

17/12/2005

Como é bom dormir no Flamengo! Dormimos muito bem, tomamos um ótimo café da manhã e, pouco tempo depois, passou o Flávio do Conquest para me pegar para a primeira regata da última etapa do campeonato de Ranger 22 e Fast 23 de Ubatuba. Largamos em primeiro, paramos na ponta da Espia sem vento e caímos para último. Recuperamos e acabamos em terceiro (ótima colocação para acabar o campeonato como campeões). O Flávio e o Cláudio me levaram de volta para o Fandango e, como o dia estava maravilhoso e as crianças não queriam sair da praia pois tinham arrumado três amigas, dispensamos (com muita dor no coração) a tainha assada na brasa promovida pela Aumar, que organiza as regatas.

Após um bom banho de mar e um rápido descanso no barco, recebemos a visita da tripulação do veleiro Lufalisa (Orestes, que não é o Quércia, Mônica, Luiza, Flávia e Isabela). Conversamos um pouco, eles deixaram uma bela mensagem no nosso livro de visitas e eu fui tentar pegar uns peixinhos para o jantar. Como eles não apareceram, abrimos duas latas de atum e fizemos uma bela macarronada. Nove e meia da noite já estavam todos pregados e fomos todos dormir cedo (antes, eu e a Lu vimos uma belíssima lua cheia aparecer sobre a praia da Enseada, que fica de frente para o Flamengo).

 

18/12/2005

Dia de decisão de campeonato!!! Após uma ano correndo as regatas do campeonato de Ubatuba, acordei ansioso pois hoje é dia de decisão. Estamos bem na frente do seugndo colocado, mas uma bobeada pode nos tirar o título. Após algumas arrumações no Fandango, o Flávio passou com o Conquest e me pegou para as regatas. A alegria já começou ao ver as bandeiras do São Paulo em alguns barcos. Dia de tri-campeonato mundial do São Paulo. Nós no Conquest, tentando o tri-campeonato de Ubatuba dos Fast-Ranger. Na primeira regata largamos muito bem, mas após um bordo errado caímos para último. Pouco depois o vento girou e em 5 minutos estávamos em primeiro e indo para a bóia. Resultado final: o Conquest em primeiro na segunda regata da etapa, nós com o título praticamente garantido e a etapa com três barcos empatados (entre eles, o Conquest). A segunda regata não foi muito diferente: largamos bem, fomos obrigados a um bordo para o lugar errado por outro barco e montamos a primeira bóia em quarto. Na perna de balão, o Flávio percebeu que o vento girou e fizemos logo um jibe, indo direto para a bóia, enquanto os adversários seguiam para longe dela. Montamos a segunda bóia já em segundo e fizemos imediatamente um bordo, indo para o melhor lugar na raia. Com isso passamos o primeiro colocado e a partir daí só abrimos distância dos concorrentes. O Conquest acabou campeão da etapa e do campeonato todo.

Após a entrega de medalhas e troféus, comemos um maravilhoso sashimi no Hisashi e voltamos ao Fandango. Fomos dormir cedo no Flamengo, esgotados e felizes com as conquistas (exceto, é claro, o palmeirense Jonas!!!).

 

19/12/2005

Dormi quase 12 horas! Acordamos às 9:00 hs e a Luciana precisava ir embora às 10:00 hs. Tomei um banho de mar muito rápido, ligamos o motor e levei o barco até o Saco da Ribeira enquanto a Luciana fazia o café da manhã. Chegando ao Saco, tomamos nosso café e ela foi embora (chuif!!!). Fizemos nossas obrigações no barco (diários e arrumações) e em seguida fomos para a cidade de Ubatuba. Primeiro visitamos o projeto Tamar, onde vimos várias tartarugas e também um filme. As crianças sempre gostam de ir lá. Imagina quando conhecerem o Tamar da Praia do Forte! Depois de ver as tartarugas, foi a vez da lojinha (que eles também adoram). Após a compra de alguns presentes de Natal, fomos ao centro para comprar alguns coisas que precisávamos para o barco e que fomos descobrindo com a falta. Almoçamos no “Refúgio da Louca” (as crianças nem quiseram o sorvete que ofereci, de tanto que comeram) e fomos ao Aquário de Ubatuba. Demos sorte, pois chegamos na hora da alimentação dos pingüins. A Carol fez questão de dar comida para um deles (que custa R$1,00 por peixe dado), mas o Jonas preferiu apenas observar (não sei se por medo de tomar uma bicada ou economizando o dinheiro dele! - rsrsrs). Vimos todos os outros peixes, as crianças foram ao aquário de toque, onde puderam tocar em estrelas-do-mar, pepinos-do-mar, etc. e, por último, fomos ao aquário grande, onde um tubarão-lixa e um mero (os dois com cerca de uns 80 quilos) nos surpreendiam com seu tamanho e vários xaréus grandes (de 5 a 8 kilos) davam show com seus bailado. Raias, bagres, garoupas, badejos e outros completavam o belo aquário. Ao voltar para o barco, fizemos compras de mercado, abastecemos o barco e deixamos tudo preparado, pois pretendemos ir à Ilha das Couves amanhã e ficar por lá uns dois ou três dias.

Durante o dia falei com o Dimitri pelo telefone, que me deu várias dicas de qual o melhor lugar para parar com uma frente fria que ameaça entrar e condições de mar e vento com essa frente. Final de dia, fomos ao Flamengo de noite e as crianças adoraram ver os noctilucas (ardentia) da esteira no mar criada pelo barco. Chegamos direitinho, com o Jonas me guiando na proa com uma lanterna. Essa tripulação está cada vez melhor!!!

 

20/12/2005

Acordei bem cedo para fazer algumas coisas que precisava e também enviar os diários de bordo pela internet. Após alguma briga, consegui. As crianças demoraram para acordar e, enquanto isso, repensei os planos para o dia. Desisti de ir para a Ilha das Couves hoje (pararemos lá no caminho para Parati) e deixei as crianças descansarem mais um pouco. Há várias praias bonitas por aqui que eles não conheceram ainda. Quando eles acordaram, após o café da manhã e diário de bordo, eu e o Jonas colocamos o suporte do motor de popa sob um sol escaldante. O dia estava maravilhoso. Após uma hora de trabalho árduo, vimos que a água estava transparente! Dava para ver todo o fundo. Resolvemos ir para a praia das Sete Fontes, que é atrás do Flamengo. Chegando lá, fui tentar pegar uns peixes, mas o plural virou singular: peguei apenas um badejo, mas vi uma raia enorme passar ao meu lado, uma pequena tartaruga que se assustou comigo quando me aproximei e um budião que devia ter uns dois quilos e que foi esperto o suficiente para não se aproximar de mim. Após o lindo mergulho, levantamos a âncora e estávamos indo em direção à praia quando a Carol gritou: “golfinhos”. Chegamos mais perto, mas eles estavam muito tímidos. Vi um pequeno, que devia ser filhote e mais dois maiores. Eles desapareceram subitamente e não os vimos mais. Descemos na praia e pedimos uma porção de batatas fritas (acho que foi a melhor que comi até hoje!), lula e mandei fritar o peixe que havia pego para nós. Estava tudo muito gostoso. Após um passeio pela praia, resolvemos ir até a praia de Santa Tereza, próxima ao Flamengo. Pegamos uma poita, descemos e curtimos uma praia sossegadamente. No final da tarde o tempo fechou. Para voltar ao Flamengo, usamos o motor de popa para testá-lo no suporte. Deu o esperado: com mar liso o barco se desloca a uns 4 nós, mais que o suficiente para encostarmos em algum lugar numa emergência, sem vento e sem motor de centro. No Flamengo, enquanto as crianças deram uma passeada na praia, eu coloquei as fotos no meu diário. Fizemos um bom jantar (macarronada à bolonhesa), acabamos com algumas frutas antes que estragassem e colocamos as fotos nos diários deles. Eles mesmo as escolheram e também onde ficariam. Após dois capítulos do Harry Potter, “desmaiamos” todos.

 

21/12/2005

Acordei cedo de novo. Como não temos cortina no barco, a luz do dia entra sempre ao nascer do dia e fica difícil dormir. Mas não reclamo, não, pois tem muita coisa para ser vivida e o tempo parece sempre curto. Após fazer algumas coisas a bordo e meu diário, tomamos o tradicional café da manhã de bordo reforçado, as crianças fizeram as obrigações delas e começamos a pensar o que fazer durante o dia. Meus planos eram dar uma caçada na Ponta da Espia, aqui perto, mas fui voto vencido e fomos fazer a trilha que leva da praia do Flamengo até a praia das Sete Fontes. A trilha é muito íngreme e, no meio do caminho, já havia dois arrependidos. Mesmo assim, após uma trilha dura, a reconfortante praia de Sete Fontes e uma porção da deliciosa batata frita, que não podíamos deixar de comer novamente, nos colocou em ordem. Uma curiosidade é que a volta foi bem mais fácil. Na volta tomamos outro banho de mar no Flamengo e, após muitas brincadeiras, o tempo ameaçou fechar e voltamos ao barco. O Jonas fez o almoço e então, para fazer a digestão, lemos um pouco do Harry Potter. Em seguida, mais trabalho. Montamos juntos as descrições dos passeios para Ilha Anchieta, Tamar e Aquário de Ubatuba. Findo o trabalho, mais um pouco de leitura e fomos dormir com Harry Potter na cabeça.

 

22/12/2005

Hoje deu vontade de “trabalhar” (rsrsrs). Acordei e providenciei uma série de consertinhos no barco. Uma coisa que eu precisava fazer e que me animei com a água gostosa, era dar uma passada de esponja no fundo do barco. O fundo é pintado com uma tinta “venenosa” (que hoje tem muito pouco ou quase nenhum veneno, mas não permite a fixação de cracas). De vez em quando é bom passar uma esponja para tirar uma “gosma” que gruda na tinta e reativá-la. A Carol me ajudou bastante e rapidamente fizemos o serviço. Como o dia estava muito quente, após o trabalho fomos para a praia e lá brincamos bastante com um monte de algas que estavam na superfície. Fizemos uma “guerra de algas” dentro da água. No meio da tarde, soltamos a poita e fomos para o Saco da Ribeira. Tínhamos que ir para a cidade acabar as compras de Natal e eu precisava trocar o óleo do carro para viajarmos para São Paulo, onde passaremos o Natal com a família. Feitas as obrigações (odeio fazer compras!!!), voltamos ao Saco da Ribeira onde jantamos no Hisashi o excelente sashimi dele com o Flávio, a Rosa e alguns amigos deles.

Mesmo cansados, resolvemos voltar ao Flamengo para poder ter uma boa noite de sono. Com a tripulação afiada, foi uma brincadeira chegar e pegar uma poita no Flamengo, mesmo com muito pouca luz. Lemos um pouco mais e já era quase uma hora da manhã quando fomos dormir.

 

23/12/2005

Dia de acordar tarde e relaxar. Acordei eram mais de nove horas, fizemos o café da manhã com o que sobrava pois nossos perecíveis precisavam acabar antes de irmos para São Paulo e não deixar nada no barco. Aproveitei para adiantar algumas coisas da viagem e dos diários de bordo e passeios que fizemos para subir para nossa página. No final da manhã fomos para a praia (Flamengo) e ficamos lá brincando com as algas. Pouco depois conhecemos o Eduardo e família da lancha “Fiote 2”. Muito simpáticos, nos convidaram para um churrasco e ficamos conversando com eles na lancha. A sobremesa foi por nossa conta (o velho pêssego em calda com creme de leite, muito prático no barco e não tem quem não goste) e a comemos na praia, entre banhos de mar e brincadeiras. No final da tarde eles tiveram que ir embora para subir a lancha e nós ficamos com a praia só para nós. Fomos para o barco quando o sol começou a cair, arrumamos nossas coisas para a viagem e para o Natal com a família. Jantamos e só não fomos dormir tão cedo como eu queria porque o Harry Potter 6 estava difícil de parar de ler.

 

24/12/2005

Acordamos muito cedo no Flamengo e logo colocamos mãos à obra para sair do Flamengo e levar o barco até o Saco da Ribeira. Íamos para São Paulo para passar as festas com a família. Deixamos o barco no píer ao lado de uma lancha, descarregamos nossas malas e lembranças de Natal, tomamos um bom banho, café da manhã no Hisashi e nos colocamos a caminho.

A primeira parada foi a casa de meu pai, onde almoçamos com ele, a Sãozinha, Luciana, meu irmão e minha sobrinha e a Gabi. Tinha levado roupas para aproveitar a máquina e lavar na casa dele, mas a Sãozinha não me deixou tocar na roupa. Lavou-a toda e deu tempo de secá-la também. Santa Sãozinha!!!

Depois fomos visitar a Selma, nossa grande amiga, que trabalhou para nós quando estávamos em São Paulo e pegou o Jonas bebezinho e viu a Carol nascer.

Em seguida, fomos para a casa da Lu, onde jantamos com ela, Dona Terezinha, Sr. Francisco, Mônica, Paulina e mais uma amiga deles.

Foram muitos presentes e muita comida gostosa em todos os lugares.